Centro de Ciências da Saúde - Campus Maruípe

CRIANÇAS COM BAIXA VISÃO ATENDIDAS NO HUCAM-UFES TERÃO ASSISTÊNCIA MULTIDISCIPLINAR NA CLÍNICA ESCOLA

A partir deste mês de junho, crianças menores de três anos com baixa visão atendidas no ambulatório de oftalmologia do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes) estão sendo direcionadas a uma equipe multidisciplinar da Clínica Escola Interprofissional em Saúde da Ufes para acompanhamento e planejamento terapêutico centrado no contexto familiar. O critério de seleção é dar prioridade àquelas que não conseguem atendimento em outros serviços gratuitos no Espírito Santo.

Fruto da parceria entre o Hucam e a Clínica Escola, o projeto de extensão denominado DesenvolVER: acompanhamento interdisciplinar da criança com baixa visão envolve professores e estudantes dos cursos de Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e Fisioterapia (veja abaixo a atuação de cada prática terapêutica). O objetivo é acompanhar o estado de saúde de crianças com incapacidades visuais, orientar os pais quanto ao prognóstico e planejar um programa de intervenção domiciliar centrado na família e no contexto ambiental da criança.

As consultas começaram nesta quarta, 22 de junho, e serão realizadas sempre às quartas-feiras, entre 13 e 17 horas, na Clínica Escola, que funciona no campus da Ufes em Maruípe. Após leitura do prontuário do paciente e entrevista com a família, estudantes extensionistas, sob supervisão dos professores, vão avaliar o desenvolvimento da criança, traçar um plano de intervenção e dar as orientações aos pais. As atividades serão acompanhadas semanalmente pelos extensionistas por meio de contato telefônico com as famílias. A cada dois meses, a criança será novamente avaliada na clínica para verificação dos resultados alcançados.

“Os programas domiciliares são atividades terapêuticas que a criança desempenha com a assistência dos pais, no ambiente doméstico, para alcançar os objetivos propostos. Essa modalidade tem alta evidência científica na melhora do desenvolvimento e participação social de crianças com incapacidades, além de aumentar a confiança dos pais no cuidado com esses filhos. Quando a criança com deficiência visual recebe estimulação desde os primeiros anos de vida, obtemos maiores repercussões na sua eficiência visual e, consequentemente, em todas as áreas do desenvolvimento”, afirma a professora do Departamento de Terapia Ocupacional da Ufes Karolina Albuquerque, que coordena o projeto de extensão. Também atuam no projeto Larissa Bassan, professora do Departamento de Fonoaudiologia e subcoordenadora, e Carolina Aizawa, professora na área de Fisioterapia Pediátrica do Departamento de Educação Integrada em Saúde. 

Relevância social

Segundo o chefe da Unidade de Oftalmologia do Hospital Universitário, Anderson Serafim, o primeiro levantamento de pacientes aptos a serem encaminhados ao projeto de extensão resultou numa lista de 49 crianças. Dessas, foram priorizadas inicialmente 20, seguindo o critério de falta total de acesso a serviço de reabilitação na rede estadual. “Em alguns casos, as famílias conseguem atendimento em instituições como Apae ou Instituto Braile. Priorizamos quem não tem acesso a nada”, afirma.

O Hospital Universitário atende pessoas com disfunções visuais vindas de diferentes regiões do Espírito Santo, que, em geral, apresentam baixos níveis econômicos. Em 2021, foram atendidos 619 pacientes, sendo 75 com menos de três anos de idade. Na foto, o Ambulatório de Oftalmologia do Hucam-Ufes.

Essa faixa etária, chamada de “primeiríssima infância”, é considerada a adequada para a intervenção precoce. “Vale ressaltar a relevância social do projeto, haja vista a grande dificuldade que os pais encontram na rede de atenção à saúde do estado para a assistência multiprofissional que essas crianças necessitam. Recebendo os estímulos adequados nessa faixa de idade, elas terão aumentadas significativamente as chances de se desenvolverem”, afirmou ele.

Serafim informa que o Hucam é “o único prestador de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) no estado que possui médico oftalmologista especialista em baixa visão, sendo esse o profissional capaz de avaliar e prescrever aparelhos ópticos adequados para maximizar a visão remanescente desses pacientes”.

Conheça o objetivo de cada prática terapêutica no projeto DesenvolVER

* A terapia ocupacional buscará o ganho de habilidades funcionais e aumento da participação em diferentes áreas: nas brincadeiras, nas atividades de vida diária e nas atividades escolares, através do uso de recursos lúdicos e da tecnologia assistiva como facilitadores desse processo.

* A fonoaudiologia atuará na reabilitação da comunicação da criança, desenvolvendo estratégias táteis e auditivas que aprimorem a comunicação e possam melhorar aspectos de mobilidade, orientação, localização e proteção, contribuindo com o estabelecimento de relações interpessoais e situações comunicativas significativas para o desenvolvimento infantil.

* A fisioterapia atuará com foco no incremento das habilidades motoras correspondentes a cada fase do desenvolvimento, intervindo na melhora da percepção e do equilíbrio corporal, e favorecendo o desenvolvimento do controle postural e de estratégias motoras que possibilitem, assim, um comportamento adaptativo mais eficiente no ambiente em que a criança está inserida e nas suas relações sociais.

Fonte: Projeto de Extensão

Texto: Sueli de Freitas
Fotos: Pixabay e acervo do projeto
Edição: Thereza Marinho 

Texto na íntegra publicado em 22 de Junho de 2022 - 16:28 no site da UFES.  

https://www.ufes.br/conteudo/criancas-com-baixa-visao-atendidas-no-hucam...

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